por Álvaro Cézar Galvão

Revista eletrônica sobre alta gastronomia ,enologia,epicurismo e alto lazer,DIVINO GUIA,assinado por Álvaro Cézar Galvão,enófilo apaixonado e sommelier por formação na ABS, comenta : Dominio Vicari Merlot Reserva 2008 Meninas e meninos,Depois de algum tempo descansando em minha adega, finalmente degustei o Merlot da Domínio Vicari.Assim com o seu Riesling, são vinificadas quantidades pequenas, o suficiente para mil garrafas aproximadamente.Diferentemente do que eu imaginava, o Merlot não é por pisa à pé como o Riesling, mas sim, é prensado por uma desengaçadeira com pás de madeira, que tem mais de cem anos, e feita para o uso do vinho da família pelo avô da Lisete Vicari.As uvas vêm de Monte Belo do Sul, Vale dos Vinhedos, como as Riesling, onde a família mantém uma produção de uvas, e são vinificadas na Praia do Rosa, litoral Catarinense.Este vinho foi elaborado sem passagem por madeira e sem aditivos para que a uva expresse todo seu potencial, e descansa em barris de polipropileno, e antes de ir para a garrafa, passa por três decantações.Ao degusta-lo, percebi logo no olfato que o vinho é bem ácido, e que só com o passar do tempo na taça, foi abrindo muitas frutas.Creio mesmo que a recomendação de coloca-lo em decanter para acelerar o processo de aeração, seja conveniente, assim como descrito em seu contra-rótulo.Aromas de geléias surgem, mas não de frutas muito maduras, mais de frutas silvestres e para minha memória olfativa, invocou a pitangas.Cor bem viva e brilhante, em boca se nota sua acidez marcada, boa persistência.Não senti floral, mas de novo tenho que lembrar que o modo natural e sem conservantes de vinificar, transformam em novidades, os parâmetros mais conhecidos e usuais de cada uva.Senti após algum tempo um certo animal no aroma, e como sei que não usam madeira, fiquei intrigado, mas creio que possa vir do contato, ainda que pequeno das pás de madeira usadas para esmagar a uvas.Em boca, confirma frutas silvestres, e como também tem uma graduação alcoólica mais baixa, assim como o Riesling(11%), o torna agradável para bebericar, solo ou em dueto com a gastronomia, mas para esta harmonização, o que mais vai ser levado em conta é sua acidez!Até perguntei se a fermentação malolática teria acontecido, o que me foi respondido que sim.Uma coisa importante de mencionar, é as uvas chegaram à Praia do Rosa com 18 graus Babo, que segundo o enólogo, José Augusto Vicari Fasolo, se torna menos arriscado, já que as uvas têm que ser transportadas.Colhe-las com maior graduação, as uvas chegariam feridas e entrariam em fermentação.De qualquer modo, sendo sua preferência ou não, os vinhos naturais, advindos de uvas orgânicas ou biodinâmicas, é mister degustar este vinho.Eu gosto de novas sensações, claro que no meio a tantos vinhos desenvolvidos com leveduras das mais caprichosamente selecionadas em laboratório e com métodos globalizados, não que os vinhos da Domínio Vicari não se utilizem das mais modernas técnicas de vinificação, quando degustamos um vinho feito como “antigamente”, às vezes ficamos sem parâmetros de comparação.Marcel Lapierre, o mago dos vinhos naturais, e com seus maravilhosos Morgon e Beaujolais e precocemente falecido, que o diga dos vinhedos aonde estiver.Domínio Vicari 48 3355-6165 http://www.dominiovicari.blogspot.com/ Até o próximo brinde!Álvaro Cézar Galvão

Degustando o Domínio Vicari

 
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O somelier Álvaro Cézar Galvão e Celso Frizon da Costelaria Rancho do vinho, degustando o Merlot em São Paulo.

Divino Guia fala sobre o vinho Domínio Vicari

Pessoal,

Confiram o texto de Álvaro Cézar Galvão (Sommelier de São Paulo/SP), extraído do Divino Guia. Abaixo segue o link do blog, caso queiram conferir direto na fonte.

"Meninas e meninos,

Todos sabem que eu tenho feito tudo ao meu alcance para mostrar que os vinhos Brasileiros estão melhorando, e rápido, em sua técnica de vinificação, com cepas adequadas e ambientadas aos terroirs, armazenagens competentes, enólogos já a maioria em sua terceira geração e bem formados com cursos e especializações, ale, das trocas de experiências nas mais adiantadas partes vinícolas do mundo. Pois bem, dia destes, fiquei sabendo, e agora já nem me lembro mais, de que forma, que uma vinícola em Santa Catarina fazia excelentes vinhos.

De toda a sorte, o que é do homem, o bicho não come, como diz o ditado, e consegui provar um dos vinhos desta vinícola.
Estou falando da Domínio Vicari, onde Lisete Vicari, e seu filho, o enólogo e responsável pela parte técnica José Augusto Vicari Fasolo, trabalham a uva Riesling Itálico, dentre outras. Provei o Riesling Reserva 2008, e aqui cabe uma explicação sobre o Reserva: Este vinho não passa por madeira, além de não receber sulfitos para conservação, então tenho que admitir que o “Reserva” seja em razão de sua qualidade, espero que a Lisete ou o José Augusto me expliquem.

Bem, o vinho em minha análise é ótimo!
Como não é filtrado, a tendência é que o vinho seja algo mais turvo, mas não é o caso deste exemplar que degustei, estava límpido e transparente, com uma bela cor amarelo palha com tons verdeais. Olfato diferente dos Rieslings que provei anteriormente, o que para mim é óbvio, já que sua maneira de vinificação, sem conservantes e sem filtração, além do terroir também o é; a propósito, as uvas são oriundas do Vale dos Vinhedos, da própria família que as plantas há mais de cem anos, desengaçadas à mão, e depois transportadas para a Praia do Rosa, onde passam por pisa à pé, e só por mulheres (EU SABIA QUE TINHA ALGUM SEGREDO NESTE VINHO, QUE O DEIXA ENCANTADOR).

Frutas e floral em abundância, senti maçãs verdes, pêras, abricot, e um frescor penetrante nas narinas, como uma lufada de ar fresco (nunca havia sentido o que descrevo agora). Boca muito agradável, e ai senti algo mineral, próprio desta cepa, confirmando frutas, mas agora algo cítrico, bom corpo, ótima acidez e bem integrada ao álcool com apenas 10º GL. Como sempre, degusto e penso na gastronomia, e para acompanhar este belo vinho, um bacalhau ao forno, com batatas e azeite, sem exageros em temperos, ficou ótimo! Sua produção é em torno de 1000 garrafas, e eu degustei uma delas. De gustibus non disputandum est (gosto não se discute): EU GOSTEI! Até o próximo brinde!"

Por Álvaro Cézar Galvão, dia 29/04, às 11:11, no Blog Divino Guia (http://divinoguia.blogspot.com).
Como nos velhos tempos!